Chegaram, abri a porta da rua e fiquei à espera que chegassem lá acima.
Estranhei o silêncio:
- Vens tão caladinha, filha!
Resposta do pai:
- Vem, vem... não se portou lá muito bem. Não sei onde é que ela pensa que chega com estas atitudes. Não cumprimentou nem os avós nem o tio.
Entretanto, já no patamar, encostaste-te à porta da vizinha, cabisbaixa e escondida pelo casaco à frente da cara.
O pai despediu-se de mim e desceu as escadas sem te dar um beijo de despedida ou sequer dirigir-te palavra.
Custou-me muito vê-lo ter essa atitude, mas admirei a sua firmeza. Nestas (e em muitas outras) coisas sou mais mole do que ele. Parte-se-me logo o coração e tento resolver tudo por via do diálogo.
Já depois de ele ter saído, continuavas à porta da vizinha, amuada, triste e envergonhada.
Entrei em casa, deixei a porta a aberta e continuei os meus afazeres.
Interrompeste-me, com uma voz triste:
- Mãe, o papá já foi embora?
- Foi, Maria.
- Mas eu quero o meu beijinho.
- Sim, mas o pai estava chateado contigo.
- Mas eu quero um beijinho e pedir desculpa.
- O papá fez-te a ti o que tu fizeste aos avós e ao tio. Além disso, estou farta de te explicar que isso não se faz e que é uma coisa muito feia, Maria. Assim as pessoas ficam magoadas contigo e acham que não és bem educada.
Telefonei ao pai, a ver se ele queria subir (porque ainda estava ao pé de minha casa), mas ele manteve-se firme e não voltou atrás.
Cinco minutos depois passou-te e não falaste mais no assunto, mas eu fiquei a pensar: às vezes faz falta este equilíbrio lá em casa. Espero que agora tenhas aprendido a lição.
20/03/2009
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5 comentários:
Lara, ñ faz. Lá em casa é igual e há o dito equilíbrio (q eu tb sou mais mole q o pai)
Há aprendizagem. Eles estão a aprender, nós a ensinar. ;)
O pai da B tb é assim, imagina que qd ela não quer comer ele tira-a da cadeira e manda-a para o sofá de castigo, e não é que resulta. Da primeira vez achei exagerado, mas depois percebi que é assim que tem que ser, firmeza! Mas a parva aqui não consegue.
Sim, faz falta...
Flores, hoje estás muito certeira no que dizes. É inspiração de 6ª feira? ;)
Sim, mas custa ensiná-los. Sei lá, indo de um extremo ao outro, antigamente também se atiravam as crianças dentro de água para que aprendessem a nadar sozinhas... Bem, sei que exagerei... eu sei...
Melancia, o certo é que elas sabem muito bem o quanto dependemos delas e como nos fazerem levar a água ao seu moínho!
Como entendo...sou mesmo mole, ele firme (que me enerva, mas que no fundo tenho de aceitar, ele tem razão)
Vais ver que pa proxima ela vai-se portar melhor :)
beijinhos
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