20/03/2009

Dia do Pai (rescaldo)

Chegaram, abri a porta da rua e fiquei à espera que chegassem lá acima.

Estranhei o silêncio:
- Vens tão caladinha, filha!
Resposta do pai:
- Vem, vem... não se portou lá muito bem. Não sei onde é que ela pensa que chega com estas atitudes. Não cumprimentou nem os avós nem o tio.

Entretanto, já no patamar, encostaste-te à porta da vizinha, cabisbaixa e escondida pelo casaco à frente da cara.

O pai despediu-se de mim e desceu as escadas sem te dar um beijo de despedida ou sequer dirigir-te palavra.

Custou-me muito vê-lo ter essa atitude, mas admirei a sua firmeza. Nestas (e em muitas outras) coisas sou mais mole do que ele. Parte-se-me logo o coração e tento resolver tudo por via do diálogo.

Já depois de ele ter saído, continuavas à porta da vizinha, amuada, triste e envergonhada.

Entrei em casa, deixei a porta a aberta e continuei os meus afazeres.

Interrompeste-me, com uma voz triste:
- Mãe, o papá já foi embora?
- Foi, Maria.
- Mas eu quero o meu beijinho.
- Sim, mas o pai estava chateado contigo.
- Mas eu quero um beijinho e pedir desculpa.
- O papá fez-te a ti o que tu fizeste aos avós e ao tio. Além disso, estou farta de te explicar que isso não se faz e que é uma coisa muito feia, Maria. Assim as pessoas ficam magoadas contigo e acham que não és bem educada.

Telefonei ao pai, a ver se ele queria subir (porque ainda estava ao pé de minha casa), mas ele manteve-se firme e não voltou atrás.

Cinco minutos depois passou-te e não falaste mais no assunto, mas eu fiquei a pensar: às vezes faz falta este equilíbrio lá em casa. Espero que agora tenhas aprendido a lição.

5 comentários:

Flores disse...

Lara, ñ faz. Lá em casa é igual e há o dito equilíbrio (q eu tb sou mais mole q o pai)

Há aprendizagem. Eles estão a aprender, nós a ensinar. ;)

Unknown disse...

O pai da B tb é assim, imagina que qd ela não quer comer ele tira-a da cadeira e manda-a para o sofá de castigo, e não é que resulta. Da primeira vez achei exagerado, mas depois percebi que é assim que tem que ser, firmeza! Mas a parva aqui não consegue.
Sim, faz falta...

Lara disse...

Flores, hoje estás muito certeira no que dizes. É inspiração de 6ª feira? ;)
Sim, mas custa ensiná-los. Sei lá, indo de um extremo ao outro, antigamente também se atiravam as crianças dentro de água para que aprendessem a nadar sozinhas... Bem, sei que exagerei... eu sei...

Lara disse...

Melancia, o certo é que elas sabem muito bem o quanto dependemos delas e como nos fazerem levar a água ao seu moínho!

sonia disse...

Como entendo...sou mesmo mole, ele firme (que me enerva, mas que no fundo tenho de aceitar, ele tem razão)

Vais ver que pa proxima ela vai-se portar melhor :)
beijinhos