26/11/2004

Mix de sensações


Cada vez me sinto mais grávida, mas lembro-me que não me senti logo grávida quando o teste deu positivo... Recordando o dia em que soube que estava grávida...

Tinha decidido, havia pouco tempo, retomar a pílula, mas, pouco tempo depois, uma grande infecção dentária fez com que eu tivesse que tomar antibiótico. E aí é que foi um sarilho bonito...
Eu, menina do século XX, confiei que nada aconteceria, até porque hoje em dia as pílulas já têm uma constituição diferente e são mais eficazes do que outrora. Além disso, todos sabemos que não se engravida em todos os dias do ciclo, certo? E que mesmo dentro dos chamados dias férteis pode não se dar a concepção... Pois é... Mas comigo aconteceu e fiquei grávida.


Uma semana antes da data prevista para o aparecimento do período comecei a sentir-me muito esquisita: umas tonturas leves, um enjoo repentino e sem precedentes ao fast-food da McDonald's, umas dorzitas de barriga que eram habituais antes de vir o período e umas veias salientes no peito, nos braços... Ai!!! Que é isto? Nem sei como desconfiei que poderia estar grávida, acho que foi um feeling que tive. Mas ao mesmo tempo pensava que nem sequer era possível, ao mesmo tempo que pensava baixinho "estava lixada se fosse verdade!". E a vontade de ir à casa de banho em curots intervalos aumentava também de dia para dia...

Pois é... mas não aguentei a ansiedade e o facto de sentir-me diferente e no dia 20 de Julho resolvi fazer um teste de gravidez, que fui comprar à hora de almoço. Vim para o escritório e fui fazê-lo à casa de banho. Não me consigo sequer lembrar do que me passou pela cabeça enquanto esperava o resultado... Passados uns segundos... sim, acho que não esperei os três minutos, olhei para lá: nada de tracinho vermelho a confirmar gravidez. "Ok", disse baixinho, "Acho que vai correr tudo bem, que estou safa". Mas depois... "que raio, as está lá um tracinho ou não? Se não há falsos positivos, porque é que está lá um risquinho tão ténue??? O que é que isto quer dizer???" Li e reli as instruções 1.000 vezes... Nada de abonatório: se aparece é porque acusa a hormona da gravidez. Eu não sabia se havia de saltar de felicidade, se havia de chorar de medo, se havia o quê...

Entrei pelo gabinete de uma colega minha e disse-lhe: "Ana, depois explico-te, mas agora diz-me só uma coisa: Vês aqui um tracinho rosa do lado esquerdo?". Ela olhou-me estupefacta... "Vejo... muito sumido... Vejo... Ai, Larita, o que é isto?"

Pois... "o que é isto" pensava eu... Será que estou mesmo grávida? Então e com um sarilho tão grande entre mãos consigo estar ali... super feliz!!! Para o bem e para o mal...

Agarrei no telefone e liguei à minha mãe e à minha melhor amiga. Combinei com a minha melhor amiga irmos ao hospital à noite, inventar um quadro clínico que os "obrigassem" a fazer-me um teste de gente! Eu tinha que ter a certeza ainda naquele dia, não podia esperar até ao seguinte, ainda para mais correndo o risco de dar outro resultado "maluco"!

E lá fomos... já sei que as mentiras que preguei ao jovem simpático médico não eram bonitas, mas... caramba, desconto todos os meses é para ser atendida, não é para me mandarem para casa e marcar consulta para o médico de família que o meu centro de saúde nem sequer tem para me atribuir!!! "Leve este copinho, vá à casa de banho, urine para o frasquinho e entregue no laboratório". Depois volte aqui para a sala de espera e aguarde que eu a chame.

Voltei para junto da minha amiga, que estava tão ou mais nervosa do que eu, e ficámos ali... parvas... caladas... nem conseguíamos falar. Nós, logo nós, que temos sempre assunto de conversa.
Após uma longa espera lá me chamaram... lá fui eu... meia anestesiada, parecia que não era eu que estava ali... mas sim uma amiga, sei lá... como explicar o turbilhão que sentia naquela hora?
Entrei no gabinete e soube logo: "O seu teste deu positivo. Está grávida. Parabéns!". De certeza? Não seria falível? Foram algumas das perguntas com que bombardeei o médico... saí de lá com a confirmação de que estava grávida. 4 semanas, isso sabia eu...


Cheguei à sala de espera e chamei logo o elevador, fazendo sinal à minha amiga de que podíamos ir embora. E ela "Então?". E eu respondi "Deu positivo". E ela começou aos pulinhos "Deu Positivo, deu positivo, deu positivo". Já dentro do elevador olhámos uma para a outra feitas tontas, como se os anos tivessem recuado e estivéssemos a fazer confidências sobre o primeiro namorado... ou a primeira vez...


E agora? Como é que o pai iria reagir? E os meus pais? E... E... E...

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