Dia 23 à tarde, pensei "a febre está cá sempre, a garganta está inflamada, é melhor ir ver o que é que a miúda tem".
Primeiro passo:
- Boa tarde, a Dra. M. hoje dá consultas?
- Não, mãe. Está de férias a semana toda.
- Ok, obrigada. Boas Festas!
Segundo passo:
Vamos à urgência da Estefânia.
Ups... sala de espera cheia...
Ups... sala de espera mesmo cheia.
Fazemos a inscrição, procuramos um local para nos sentarmos. Passado um bocado, não muito, somos chamadas à triagem, onde somos informadas de que o tempo médio de atendimento médico anda acima das três horas.
- Olhe, sabe, deixe estar, temos possibilidade de ir a uma unidade particular. Boas Festas!
Terceiro passo:
Entramos num táxi.
- Boa tarde, é para a Fialho de Almeida, por favor, para o Centro Clínico dos SAMS.
- Ai, menina, não se consegue passar para lá. Está muito trânsito.
- Temos que tentar, a minha filha está doente.
- Pois, mas não pode ir de metro?
(aqui começou o espírito natalício começou a escassear)
- Não, não posso. Para já porque o metro não vai até lá e depois porque a menina está com febre. É para a Fialho de Almeida, por favor.
- Está muito trânsito... qual é o caminho que propõe?
(ai, a minha vida...)
Começo a engolir em seco. Afinal está mesmo muito trânsito e não conseguimos andar para lado nenhum.
- Olhe, afinal é para as Olaias, por favor.
- Pois, boa escolha. É que está muito trânsito, não se consegue passar para lado nenhum. E a mim não me dá jeito nenhum andar aqui no trânsito.
- Nem a si, nem a mim, que tenho uma criança com febre.
Continuamos no trânsito até casa.
Ainda tento mais uma coisa enquanto vou no táxi.
Quarto passo:
- Avózinha, ligas-me aí para a policlínica a saber se ainda está aí algum médico, por favor?
Passados uns segundos, o meu telemóvel toca:
- Olha, filha, já não têm ninguém, só o oftalmologista.
- Pronto, avó, obrigada...
Quinto passo:
18h10
- Boa tarde, eu tenho o cartão de saúde da AMI e queria pedir assitência de urgência ao domicílio para a minha filha, por favor.
- Sabe que os médicos só saem a partir das oito?
- Sei sim, mas ela assim é das primeiras! :)
- Lamento informá-la, mas desde as 18h já ligaram 52 pessoas.
(chiça... isto não está a correr nada bem!)
- Mas a miúda está cheia de febre e com muita tosse, precisa mesmo de ser vista por um médico.
- Pois, tem que ter paciência e aguardar.
Aguardámos... até às onze da noite, quando a médica entrou, perguntou o que ela tinha, auscultou-a e viu-lhe a garganta.
- Não tem nada na garganta.
- Desculpe??? Como assim, se eu vejo a garganta dela muito inflamada e com pontos a ficarem brancos?
- A auscultação está boa, não oiço nada.
- Desculpe??? Mas a miúda até farfalheira tem tido! E disso percebo eu, que tenho bronquite asmática.
- Tosse lá, para eu ouvir - pediu. Mas o seu pedido não foi atendido "a tosse agora não vem".
- Já agora, podia ver-lhe os ouvidos, porque ela queixa-se dos ouvidos?
- É normal. Estando o nariz com tantas secreções é normal que lhe doam os ouvidos.
- Mas, sabe, ela antigamente fazia otites de repetição. (já estava a perder a paciência)
- Pois... (e não lhe viu os ouvidos!!!) Vou-lhe passar a receita. Continue a dar o Actifed, o Maxilase e os outros para a febre. E dê-lhe este xarope e coloque-lhe estas gotas no nariz.
Vislumbro a receita e até cego quando leio Propavente* prescrito a uma criança de três anos e meio.
- Boas Festas - despedi-me eu, antes que o espírito natalício voasse mesmo bem para lá da Patagónia.
Amanhã vamos à médica de Otorrino, nossa AMIGA (que só hoje regressa a Lisboa). Esta noite voltaste a chorar e a queixares-te muito dos ouvidos.
E assim vai a nossa saúde...
* Claro que não aviei o Propavente. Ainda anuí em pedir a opinião dos farmacêuticos lá do bairro, mas quando vi o quanto esbugalharam os olhos apercebi-me de que estava certa em não dar semelhante medicamento à miúda.
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1 comentário:
Fonixxxxxxxxx!!!!!!!
Isto é inacreditàvel...eu não consigo perceber, a sério que não!!
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