02/02/2009

Avó Velhinha

Hoje, se ainda fosses viva, farias 98 anos.

E eu continuo a recordar o dia do teu aniversário, mas, mais importante que tudo, a recordar-te e a perder-me de saudades do teu olhar doce, da pele da tua cara macia como a dos bebés, dos
dedos das tua mãos deformados pelas artroses, do teu cabelo imaculadamente branco, de quão baixinha eras...

Oh, avó velhinha, tenho tantas, mas tantas saudades tuas.

Recordo-me que no dia em que faleceste o meu pai me disse: "dói muito, mas com o tempo começa a doer menos".

Sim, é verdade. Doeu muito durante meses a fio em que não adormecia sem chorar de saudades. Agora, 12 anos após a tua partida, já passam dias sem que doa. Mas hoje dói. Dói muito.

E também me doeu ontem ter visto a avó, sentada num sofá onde antigamente ficava o teu, a ficar cada vez mais parecida contigo. Parecida e velhota, também. E doeu. Doeu pensar que um dia me vai doer muito também perdê-la a ela.

Dou graças a Deus por ter 33 anos e ter os meus avós todos a partilharem a minha vida, mas agora, que todos andam pelos 80 começo a ter muito medo. Sei que de um dia para o outro tudo pode mudar.

E às vezes esta vida acelerada dá-nos tão pouco tempo para gozar a companhia deles.

Mas, avó Velhinha, tenho mesmo muitas saudades tuas. Muitas, muitas, ...

Um beijo daqui até à estrelinha que representas no céu estrelado da nossa vida.

1 comentário:

sonia disse...

O ciclo da vida é assim, temos de o aceitar, mas custa muito!

:(